segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A arte do Mestre Valentim - 5




No belvedere ou terraço que Valentim projetou para admirar a Baia da Guanabara, vê-se uma pequena fonte, com a figura de uma criança, na face oposta a fonte dos jacarés.

Originalmente a fonte era composta por um menino de mármore segurando um cágado, que por sua vez lançava água para um barril de granito. A legenda "Sou útil, inda que brincando", acompanhava a escultura.

A escultura do menino da bica, chamada de gênio de mármore pelo historiador Monsenhor Pizarro, foi substituída por uma cópia de chumbo, fundida em 1841, bem como, criado um barril para saída da água degrau de granito
A réplica da escultura foi criticada por muitos historiadores, pois foi confeccionada com o dobro do tamanho da original.

A réplica em chumbo também foi outra vítima do vandalismo. Em 1992, seus braços foram cortados e a faixa arrancada, sendo restaurada em 1995.

 Em 1994 em chumbo

Em 2001 novamente seus braços foram arrancados, exigindo outra intervenção.

Perante esses sucessivos danos na peça em chumbo, a Prefeitura refez uma réplica em bronze com o intuito de preservar o original de 1841.

 Em 2004 em bronze

A nova peça foi instalada e guardada a de chumbo no depósito da Prefeitura. Repetindo, em 2007 parte da figura foi serrada e furtada.

                
 2007 em bronze

Em 2011 nova faixa foi executada e instalada na escultura do Menino recompondo  o conjunto.

   2011 em bronze

Atualizando, no ano de 2016,  novamente a escultura foi danificada, com a perda da mão direita e a tentativa que furtar o braço esquerdo.  Essa a peça foi removida,  para a restauração, o que  não foi realizada até maio de 2017, permanecendo o espaço vazio.

2016 
                                                                                                                                                   2017

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A arte do Mestre Valentim - 4

O arquiteto do Passeio Publico

Mestre Valentim projetou o Passeio Publico, traçando as alamedas em linhas retas formando desenhos geométricos de diversos tamanhos. As duas principais na forma de uma cruz.

                                   

Por trás da Fonte do Jacarés, construiu duas escadas de pedra que levavam ao belvedere, que se debruçava sobre a Baía da Guanabara. O terraço tinha piso de mármore policromado em preto e branco. Junto ao parapeito, sofás de alvenaria, revestidos por azulejos de inspiração mourisca.

                                         

Hoje o que resta, é mural em gnaisse, que finaliza a Fonte dos Jacarés e permite o acesso ao antigo terraço por escadas. O mural, em blocos macicos, é esculpido em volutas, finalizado com o pedestal para o medalhão da coroa. O guarda corpo que protege a escada é outro esmero do mestre, que a realizou em ferro fundido forjado, isto é, as barras foram modeladas quentes até atingir a forma desejada sem nenhum parafuso ou solda.
                                         
 
       
O medalhão símbolo da coroa portuguesa, com as armas do Vice-Rei D Luiz de Vasconcelos, em pedra lioz é original do período colonial brasileiro e encontra-se de desgastada pelo tempo. Minuciosamente trabalhado em um bloco maciço, guarda até os dias de hoje o desenho barroco do Mestre.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A arte do Mestre Valentim - 3

O artista das pedras.




As esculturas dos jacarés fazem da parte de um reservatório de água criado por Valentim, para abastecer e adornar o Passeio Publico. Da boca dos jacarés jorra a água que se acumula em uma bacia. Toda em gnaisse (pedra existente na Cidade do Rio de Janeiro), esta foi esculpida bloco por bloco, num perfeito encaixe onde cada um tem formato único com a face interna lisa e inclinada, maiores em cima e menores em baixo, e na face externa em curvas e boleadas, tanto no sentido horizontal como vertical, cujo desenho acompanha até o piso.  Esse trabalho do século XVIII, permanece até hoje no Passeio Publico, apesar de ter sido enterrado por cerca de 100 anos.

Acredita-se que na reforma promovida por Glaziou em torno de 1870, realizou-se um aterro no local, deixando parte da bacia enterrada. Em 2004 através de pesquisas, encontrou-se o restante do piso, recuperando a dimensão da obra do Mestre Valentim.

                                      




terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A arte de Mestre Valentim - 2


A obra de Valentim resiste, apesar das depredações.

Criadas em torno de 1783, as esculturas dos jacarés, encontravam-se em 2002 cobertas por inúmeras camadas de tintas. Em outras épocas, pintaram e aplicaram óleo queimado, para aumentar o brilho do bronze ou talvez para esconder alguma imperfeição, resultando assim numa superfície disforme e escamada, escondendo o refino da obra.

   2004


As caudas foram quebradas, as línguas retiradas e os dentes arrancados pelo vandalismo que sempre depredaram as obras de arte.

 1998


Felizmente, a importância da obra, fez com que se dispunha de muitas fotografias, arquivadas em diversas instituições, em diversos ângulos. Isso permitiu que 2004 a restauração realizada pela Prefeitura conseguisse realizar a modelagem e a fundição das partes faltantes, recompondo o conjunto.
Dois dados são importantes a serem frisados aqui: A importância da fotografia e a divulgação das partes recompostas, o que permitirá no futuro o conhecimento da história da obra, dados que hoje não dispomos.

 2004

Infelizmente em 2008, novamente um dos jacarés sofreu outra depredação e mais uma vez quebraram uma das línguas, apesar de ter sido soldadas. Em 2011 novas lingas foram fundidas e instaladas completando novamente a figura. Em 2016, devido o afastamento da guarda municipal do parque, os rabos, linguas e dentes foram arrancados, danificando a obra do Mestre Valentim.

 2011

 2016



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A arte do Mestre Valentim - 1



Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim, nasceu em Servo, Minas Gerais. Veio para o Rio de Janeiro por volta de 1770 onde foi o artista de maior destaque do barroco no Rio de Janeiro. Durante a gestão do Vice-Rei Dom Luiz de Vasconcelos, entre 1779 e 1790, foi o principal construtor de obras públicas da cidade nas áreas de saneamento, abastecimento e embelezamento urbano. Foi projetista, escultor, entalhador. Faleceu em 1813 nesta cidade.

A arte de Valentim é valorizada no Memorial ao Mestre Valentim no Jardim Botânico, porem as suas obras ainda originais estão no Passeio Publico, na Praça XV de Novembro e na Praça General Osório. No Jardim Botânico, as figuras de Eco e Narciso de extrema delicadeza e expressão são réplicas em bronze.

Veja os jacarés no Passeio Público que são resquícios do grande mestre. As esculturas em bronze traduzem fielmente os animais. Os corpos entrelaçados, as formas e as proporções de acordo com o ambiente da fonte, declaram a potencialidade da obra. Os jacarés com as mandígulas abertas, figurando uma ação de um ataque ou disputa, contrapõe com a sua função, a de docemente fornecer água para aqueles refinados da época que frequentavam o Passeio Publico.

A perfeição das formas, surpreendem a quem deles se aproxima. A fundição,com minucioso detalhe no corpo, as pequenas rugas na boca, os dentes são raras para uma obra do seculo XVIII.
A caracterização da fauna nativa brasileira denuncia a inspiração.
Não é a toa que o seu nome precede da palavra Mestre.